“Eu não quero que ninguém sinta pena, não é esse sentimento que a gente tem que ter e também não é o sentimento de vingança”, afirma Tatiana Borsa, advogada de Marcelo de Jesus dos Santos no Caso Kiss

Redação do Diário

“Eu não quero que ninguém sinta pena, não é esse sentimento que a gente tem que ter e também não é o sentimento de vingança”, afirma Tatiana Borsa, advogada de Marcelo de Jesus dos Santos no Caso Kiss
Foto: Nathália Schneider (Diário)

Tatiana Borsa, advogada de defesa de Marcelo de Jesus dos Santos, réu no Caso Kiss, esteve no programa CDN Entrevista nesta quarta-feira (11). O tema que norteou a conversa foi os desdobramentos da anulação do júri da Kiss, em 3 de agosto. 

Por entender que o resultado do pedido de apelação não foi o que os familiares queriam, Tatiana disse ter respeito pelas famílias das vítimas. Também comentou que nesta sexta-feira, vai se reencontrar com Marcelo em Santa Maria. Eles não se veem desde a prisão do músico em 15 de dezembro. Na visita a cidade, está prevista uma ida a Basílica da Medianeira, para que ele possa cumprir uma promessa. Atualmente, Marcelo reside em São Vicente do Sul.

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Confira alguns trechos da entrevista

Como tem sido a vida de Marcelo após a soltura?

“Ele está bem na medida do possível depois de ficar sete meses preso. É uma vida nova. As pessoas podem dizer que foram só sete meses, mas eu posso dizer que mudou completamente a vida do Marcelo. Ele me disse que tem saído de casa, ido ao mercado, e que as pessoas têm parado ele na rua para abraçá-lo. Em Santa Maria eu vou estar junto dele porque não sabemos como ele vai ser tratado aqui. O Marcelo é uma pessoa humilde, e já me disse que se errou ou que se as pessoas acham que ele errou, ele quer pagar de alguma forma“.

Como tem sido a recepção da população quanto a postura do Marcelo?

“Marcelo e Luciano (Bonilha Leão, também réu) foram lá (na Boate Kiss) para trabalhar. Não eram os donos proprietários, então eu acredito que não só sociedade santa-mariense, mas eu falo do Brasil todo, tenha se comovido, porque eu tenho recebido telefonema de pessoas de outros estados e as pessoas se comovem com a situação do Marcelo e Luciano. Eu não quero que ninguém sinta pena do Marcelo, falo em nome do meu cliente, porque eu acho que não é esse sentimento que a gente tem que ter, não é um sentimento de pena e também não é o sentimento de vingança“.

Como é a relação entre vocês dois?

“Eu fui chamada para advogar para ele em 2019 quando já estava sendo marcado o júri do Luciano que depois foi desaforado. É muito diferente assumir desde o início como estão o Bruno Seligman, Mário Cipriano e o Jader Marques. Tu assumir o processo só para fazer o júri como foi o meu caso e do Jean Severo, porque nós não conhecíamos as provas, então nós tínhamos que trabalhar com o que já existia. 

Eu juntei no artigo 479 que poderiam me ajudar no júri e que poderiam ajudar na defesa do Marcelo. Houveram muitas conversas e todas as vezes que eu vinha para Santa Maria eu conversava com o Marcelo. O Marcelo ia para casa dos meus pais e nós ficávamos horas conversando. Eu perguntava para ele várias vezes a mesma pergunta, e ele me contava sempre a mesma resposta. Ele nunca mudou uma vírgula do que ele falava, nunca. Sempre foi muito coeso. O Marcelo acompanhou todas as audiências, então sabia de tudo, isso me ajudou muito, porque ele sabia o que cada testemunha tinha falado e quais eram as provas“.

Como foi estar no júri para vocês dois?

“Aos poucos eu olhava muitos vídeos que estavam na internet das pessoas que foram vítimas. São vídeos muito fortes, o Marcelo foi ver só no dia do julgamento, ele nunca tinha visto nenhuma foto nem do Danilo que era o dono da banda. Ele foi ver no dia do júri. Ele também nunca tinha entrado na Kiss (depois da tragédia), e quando nós entramos, ele ficou muito mal. O Marcelo é uma pessoa muito fechada, mas tem um coração grandioso. 

A gente estava de máscara (no júri), então, isso facilitou para que nós conversássemos, (sem haver a leitura labial) o que me ajudou no processo“.

Quanto tempo a senhora estima para que um novo julgamento seja marcado?

“Eu acredito e espero que saia o mais rápido possível, para que a gente consiga a absolvição. Porque se forem absolvidos (os réus) vai ter recursos e esse processo vai ser infindável. Sabemos que o Ministério Público ainda vai entrar com recursos. Eu falo sobre esse último julgamento que anulou o júri de dezembro. Quanto ao novo júri, acredito que não vai mais ser o doutor Orlando Faccini Neto o juiz novamente. E, não sabemos se vai ser o mesmo Ministério Público. Ainda está tudo incerto. Estávamos com medo de que ultrapassasse 20 dias de julgamento, o que eu acho que agora vai acontecer. 

Quais foram os recursos que a senhora e a defesa do Marcelo alegaram na 1ª Câmara Criminal que foram acatadas?

“Foi a do vídeo que foi acostado que não tive condições de acessar. Nem eu nem o Bruno Seligman e nem o Jean Severo tivemos condições.  Nós não temos o software necessário  porque é um jogo. Na hora do julgamento, quando apresentaram, eu não sabia o que vinha, eu não conhecia o que tinha ali. Inclusive, o desembargador Jayme Weingartner Neto alegou um aspecto bem colocado em analisar o software. Outras questões foram o sorteio dos jurados e a reunião quando o doutor Orlando chamou os jurados sem a presença das partes e do Ministério Público. Nós não sabemos o que ele falou“.

Existe a possibilidade de algum recurso transformar o caso em julgamento por homicídio culposo?

“Sim. Isto pode acontecer se os novos sete desclassificarem para homicídio culposo. As pessoas me perguntam se um novo júri pode vir para Santa Maria, eu digo que não, ele vai continuar em Porto Alegre. O que foi anulado foi o ato do júri, a sessão plenária“.

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